Saúde
Dia mundial de conscientização sobre a Paralisia Cerebral relembra importância do diagnóstico precoce
Data tem como objetivo alertar sobre os principais sintomas e levar informação para a população em geral
06/10/2017 às 17h11, Por Maylla Nunes
Acorda Cidade
O dia seis de outubro deste ano será marcado como o Dia Mundial da Paralisia Cerebral, uma desordem motora que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou até os dois anos de vida da criança. O World Cerebral Palsy Day – worldcpday.org – referencia a data promovendo a conscientização sobre a doença, a fim de melhorar a vida dos portadores dela e de seus familiares. Hoje, o movimento é liderado por um grupo de organizações sem fins lucrativos e apoiado por entidades em mais de 60 países, incluindo o Brasil.
De acordo com a Cerebral Palsy Foundation (CPF), a cada hora uma criança nasce com paralisia cerebral no mundo. A condição acomete cerca de 17 milhões de pessoas em todo o planeta¹. Por isso, é importante levá-la a público para que o diagnóstico seja feito antecipadamente. “Quanto mais precoce se faz o diagnóstico maior as chances de ganhos funcionais com o tratamento de reabilitação. Isso se deve a neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de se modificar mesmo após uma lesão extensa. Quanto mais nova a criança, maior é a sua neuroplasticidade. Assim, o diagnóstico precoce de um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor é de extrema importância”, afirma o Prof. Sandro Rachevsky Dorf, médico fisiatra, professor do departamento de pediatria da UFRJ e membro titular da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação.
A Dra Carla Caldas, Neuropediatra e Fisiatra do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP – Ribeirão Preto, referência no tratamento de crianças com paralisia cerebral, e ponto focal da campanha no país, pontua que “hoje a tendência é, cada vez mais, fazer avaliações precisas com 98% de descoberta no período neonatal”, tornando um cenário positivo em relação ao diagnóstico precoce.
Uma das manifestações da paralisia cerebral se dá por meio de distúrbios motores, que se diferenciam pela área do cérebro atingida. Existem três tipos de distúrbios: espástica, em que os músculos ficam rígidos e existe dificuldade de movimentação; discinética, quando os movimentos acontecem de forma exagerada e involuntária; e atáxico, tipo mais raro que apresenta tremores e falta de coordenação dos membros superiores e inferiores.
A espástica é o distúrbio motor e postural mais comum com incidência entre 75%² a 88%³ entre as crianças acometidas. O tratamento de reabilitação deve ser idealmente realizado com uma equipe multidisciplinar composta por: médico, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo, entre outros.
Este programa pode incluir aplicações da toxina botulínica. “Feita nos músculos com um padrão espástico, a toxina botulínica propicia um relaxamento temporário, facilitando ganhos funcionais e cuidados diários da criança pelo cuidador”, como explica o Dr. Sandro Dorf. No Brasil, a toxina está disponível no SUS para ser utilizada para estes fins.
Os pais, em conjunto com os pediatras, têm um importante papel para perceber sinais sugestivos de paralisia cerebral. Dr. Sandro comenta que é possível perceber indícios de que a criança pode apresentar algum atraso decorrente de uma lesão cerebral por meio da detecção dos principais marcos do desenvolvimento esperados para a idade. “Os marcos do desenvolvimento neuropsicomotor devem ser sempre avaliados. Por exemplo, a partir de três meses a criança deve ter a capacidade de sustentar a cabeça. Outro exemplo é a capacidade de permanecer sentada colocada sem apoio a partir de 6 meses. Aos nove meses, espera-se que tenha capacidade de passar para de pé e permanecer nesta postura com apoio, além de com um ano andar sem auxílio e falar as primeiras palavras. Caso ela não execute tais marcos, pode representar um atraso no desenvolvimento. Por isso, o acompanhamento médico regular é fundamental, já que poderá intervir após o diagnóstico precoce deste atraso”.
Entre 2015 e 2016 o Brasil se viu em meio a um surto de nascimentos de crianças com microcefalia, em decorrência da infecção provocada pelo Zika Vírus. É importante ressaltar ainda que a maioria dessas crianças apresentam sinais de paralisia cerebral. “A data é importante para levar conhecimento e lembrar que as crianças acometidas pelo Zika Vírus apresentam alteração motora e de postura, sendo mais uma das causas de paralisia cerebral”, alerta Dra. Carla.
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