Saúde
Dia Internacional do Idoso: Especialistas alertam para os riscos de doenças pulmonares na primavera
Pessoas com mais de 60 anos são as mais atingidas pela Fibrose Pulmonar Idiopática, uma doença respiratória grave que se intensifica ao ser negligenciada
01/10/2017 às 10h46, Por Kaio Vinícius
Acorda Cidade
Conhecida como a estação das flores, a chegada da primavera traz consigo um clima agradável e úmido em substituição ao inverno seco. Apesar de ser muito esperada pelo brasileiro, as mudanças de temperatura ao longo do dia e o aumento de substâncias irritantes no ar, como pólen, ácaro, poeira e outros agentes causadores de alergias, provenientes justamente das flores da estação, exigem cuidado redobrado com a saúde respiratória, principalmente dos idosos, que são mais propensos a doenças pulmonares e os mais afetados pelas alterações climáticas.
Segundo a médica Cláudia Costa, coordenadora da disciplina de Pneumologia e Tisiologia da UERJ – Universidade do Estado de Rio de Janeiro, os sinais como tosse seca, falta de ar, maior frequência de resfriados, cansaço constante ou indisposição para realizar as atividades rotineiras, falta de apetite e perda de peso podem ser atribuídos aos efeitos naturais do envelhecimento, mas não devem ser negligenciados pois são sintomas comuns da Fibrose Pulmonar Idiopática, uma doença sem cura e não infecciosa em que o tecido do pulmão é recoberto por cicatrizes, prejudicando assim a sua capacidade para realização das trocas gasosas e oxigenação do sangue. “Indícios de problemas respiratórios nos idosos são, muitas vezes, deixados de lado. Essa atitude pode esconder doenças crônicas e até mesmo graves, que devem ser tratadas de forma rápida e eficaz para evitar complicações”, reforça a especialista.
Dados do Ministério da Saúde revelam que as doenças do aparelho respiratório são a segunda maior causa da morte de idosos no Brasil¹, população que totaliza 23,5 milhões de pessoas no país². A Dra. Cláudia reforça que o diagnóstico precoce faz toda a diferença. “A fibrose pulmonar idiopática, por exemplo, não tem cura, mas o tratamento em fase inicial pode retardar a progressão da doença”, explica.
No caso de Renato Menezes, diagnosticado aos 58 anos de idade, a doença começou com uma tosse que o acompanhava há anos, mas que foi ignorada pelo histórico de tabagismo. “Como fumei por 35 anos e parei há oito, pensei que a tosse iria embora com o cigarro. Mas no final de 2013, o sintoma se agravou e começou a incomodar, além da voz falhar, eu não conseguia completar frases", relata Renato.
A consulta ao pneumologista, especialista mais indicado para tratar a doença, pode tornar o diagnóstico mais rápido e assertivo. “Estou tentando não mudar muito o meu estilo de vida, faço fisioterapia, exercícios respiratórios e até comprei uma esteira para fazer caminhadas com auxílio de oxigênio, assim posso continuar passeando com a minha família, coisa que mais gosto de fazer”, conta o aposentado.
Sobre FPI
A fibrose pulmonar idiopática é uma doença rara que na maioria das vezes atinge pessoas acima de 60 anos, principalmente homens. Sem causas clínicas comprovadas, a experiência de especialistas aponta que o tabagismo pode ser um dos fatores de risco para o diagnóstico.
A doença não tem cura e somente um número restrito de pacientes tem a indicação de transplante de pulmão para combater esta enfermidade. A sobrevida média é de 3 anos após o diagnóstico. Estatísticas mais otimistas apontam que entre 20% a 40% dos pacientes vivam até cinco anos, quando não recebem nenhum tratamento.
Em 2016, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou Esbriet® (pirfenidona), medicamento oral da farmacêutica Roche, líder mundial em inovação em saúde, para o tratamento da fibrose pulmonar idiopática (FPI). A droga foi a primeira no mundo a comprovar que conseguia, de maneira eficaz e segura, combater a doença letal.
A progressão da FPI varia de acordo com cada caso e tem curso imprevisível. A expectativa é que, com o tratamento e a maior geração de dados, seja possível conhecer ainda mais sobre a progressão e evolução da enfermidade, que é considerada pela classe médica como mais agressiva do que muitos tipos de cânceres.
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