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Seguranças pediram R$ 700 para liberar tio e sobrinho que furtaram carne na BA; Polícia revela caso similar em apuração

Quatro suspeitos de tráfico de drogas, que também são investigados por envolvimento no caso, foram presos na ação.

10/05/2021 às 13h19, Por Andrea Trindade

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A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Andréa Ribeiro, informou nesta segunda-feira (10), durante uma entrevista coletiva, que os seguranças do supermercado Atakarejo mentiram em depoimento e confirmou que eles pediram R$ 700 para liberar as vítimas.

Três seguranças foram presos durante a operação que investiga as mortes de Bruno e Yan Barros da Silva. Tio e sobrinho, foram mortos após serem flagrados quando tentavam furtar carne do estabelecimento no final do mês de abril.

Além dos seguranças, quatro homens – suspeitos de tráfico de drogas – também foram presos na operação. Segundo a Polícia Civil, eles também têm envolvimento nas mortes.

A polícia revelou que, em depoimento, os seguranças chegaram a negar que teriam entregue as vítimas para traficantes da região. No entanto, as investigações em apontam que eles mentiram.

“Eles foram ouvidos em um primeiro momento aqui na nossa unidade policial, só que no decorrer das investigações, nós fomos trazendo aos autos outros depoimentos, outras testemunhas. Inclusive uma outra vítima que também sofreu violência física no ano passado, em circunstâncias muito parecidas. Foi algo determinante na investigação, para que nós pedíssemos a prisão dos seguranças".

"Começamos a perceber que a ação era algo muito padrão dentro do estabelecimento, não foi uma atuação direta nesse caso que culminou no duplo homicídio. Nós conseguimos identificar, a partir da comparação entre a fala deles [seguranças], o depoimento deles, e a ação anterior a essas falas, de que eles não estariam falando a verdade", detalhou a delegada Andréa Ribeiro.
Durante a coletiva, a polícia disse ainda que outras duas pessoas também estavam no estabelecimento junto com Bruno e Yan. Essas pessoas foram ouvidas pela polícia e não tiveram nomes divulgados por questões de segurança.


Um deles chegou a entrar no supermercado, também para furtar carne, mas conseguiu escapar. Já a quarta pessoa ficou no estacionamento para dar apoio ao trio.

'Tinham dever de comunicar a polícia e não fizeram'
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo César Mandarino, também participou da coletiva e criticou a postura do Atakarejo na ação. Ele chamou a atenção para o fato de que nenhum dos seguranças acionou a polícia, apesar de alegarem que houve furto dentro do estabelecimento.

Operação

A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina.

"No supermercado, estamos colhendo provas através de computadores, documentos, entre outros eletrônicos", disse a delegada responsável pela investigação, Zaira Pimentel.

Em nota, nesta segunda-feira, o Atakarejo informou que não comenta decisões judiciais e que vai continuar colaborando com as autoridades para que o crime seja esclarecido o mais rapidamente. Disse ainda que reitera a solidariedade aos familiares das vítimas e afirmou que a empresa não tolera qualquer tipo de violência.

Além do Nordeste de Amaralina, os mandados foram cumpridos nos bairros da Mata Escura e Fazenda Coutos, na capital baiana, e no município de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100 quilômetros de Salvador.

O crime aconteceu no dia 26 de abril, mas só na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan foram entregues por funcionários do estabelecimento a integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.

Na última sexta-feira (7), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) pediu a prisão preventiva das pessoas envolvidas nas mortes de Bruno Barros e Yan Barros.

O órgão, no entanto, não detalhou quantas pessoas podem estar envolvidas, nem as identidades delas. Além disso, o MP-BA também solicitou a prisão preventiva de funcionários da rede Atakarejo por terem contribuído com a morte do tio e sobrinho.

Participaram da Operação Retomada cerca de 50 equipes com 200 policiais civis, agentes da Polícia Militar, da Superintendência de Inteligência da SSP e do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

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