Eleições 2020

'Se José Ronaldo não tiver Colbert Martins como candidato, vai ter quem?', questiona analista político

Em avaliação do cenário político de Feira de Santana, o jornalista Glauco Wanderley também afirma que essa é a hora de Zé Neto.

12/12/2019 às 06h12, Por Andrea Trindade

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Orisa Gomes

Zé Neto, deputado federal pelo PT, é o nome da oposição que se firmou no cenário político de Feira de Santana nos últimos anos e o contexto atual parece favorável a ele, na disputa pela prefeitura em 2020. Quanto ao ex-prefeito José Ronaldo (DEM), o “correto” é que ele apoie o atual gestor, Colbert Martins. Afinal, “Se não tiver Colbert como candidato, vai ter quem?”. As considerações e questionamento são do jornalista e analista político Glauco Wanderley. Atualmente morando no Rio de Janeiro, Glauco está em Feira, onde viveu por longos anos, para lançar do livro de sua autoria Segredos do Planalto. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele avaliou o contexto político no município e projetou a disputa do próximo ano.

Conforme o jornalista, o deputado Zé Neto, veterano em tentativas de comandar o Paço Municipal, conta agora com fatores que podem lhe favorecer. “A hora dele é essa. Eu até falo brincando: ‘se não for agora não é nunca mais’. Vai ser a quinta disputa dele e dessa vez não tem José Ronaldo como adversário”, pondera.

Enquanto José Ronaldo ganhou todas as últimas cinco disputas, ressalta Glauco, em uma delas elegendo não a si, mas o candidato que apoiou, Tarcízio Pimenta (DEM), Zé Neto se firmou como o nome da oposição. “Então, quem se beneficia de um eventual enfraquecimento desse grupo de José Ronaldo, se acontecer, é Zé Neto. Eu suponho que tenha grande chance para ele chegar lá nesse sonho de vir a ser prefeito de Feira de Santana”, avaliou.

Glauco acrescenta que as pesquisas de intenção de voto têm mostrado vantagem para Zé Neto, embora não o suficiente para uma eleição em primeiro turno, e Colbert está com a imagem desgastada, em parte por ter herdado problemas e obras pendentes deixadas pelo ex-prefeito José Ronaldo, a exemplo do BRT, o Shopping Popular e, consequentemente, a arrumação do centro da cidade.

Sobre a especulação de que Zé Ronaldo pode surpreender e apoiar outro nome para a disputa que não seja o de Cobert, o jornalista questiona: “Se José Ronaldo não tiver Colbert Martins como candidato, ele vai ter quem? Essa é a grande pergunta que se faz. Dayane Pimentel (PSL), que era sem dúvida alguma força política surgindo por aí, agora sque e incompatibilizou com a família Bolsonaro sobra o que pra ela? Ela vai conseguir manter o voto desse eleitor que foi também eleitor de Bolsonaro e ser uma força política grande? (…) Foi uma força política nova que surgiu, porém hoje é uma grande incógnita. Essa incógnita é extensiva ao império de José Ronaldo. Se não for o atual prefeito candidato a reeleição, que seria o natural, quem será? Targino [Machado – DEM]? A relação deles não é muito boa. Um engole o outro. Não fazendo referência Tarcízio Pimenta, mas aplica-se o ditado: ‘dois bicudos não se beijam’”, brincou.

Demora para anunciar

Sobre a demora de José Ronaldo para anunciar o nome que apoia, Glauco deduz que ele está esperando para saber qual a melhor alternativa, mas o mais lógico é apoiar Colbert. “Seria muito natural ele apoiar Colbert. Seria o lógico, o óbvio, digamos que o correto. Porque, afinal, o grupo não está naquela situação de qualquer um pode ser candidato, existe um candidato natural. O grupo é de José Ronaldo, mas quando foi na sucessão dele e Tarcízio foi candidato, em 2008, qualquer um que fazia parte do grupo, Fernando de Fabinho, Carlos Geilson, Eliana Boaventura, Jairo Carneiro… Todos eles queriam ser candidatos e podiam ser, porque José Ronaldo estava sem poder disputar, pois já tinha sido reeleito e a legislação impedia, como agora. Nessa circunstância atual é muito diferente. O prefeito está no poder e tem direito a ser candidato a reeleição. Então, se ele for barrado como candidato a reeleição do grupo, será algo de se estranhar”, frisou.

Ainda assim, Glauco presume que Ronaldo irá retardar a decisão até o último momento, porque além de manter a dependência que outros políticos têm dele, já que possui grande força no grupo do qual faz parte, vai analisando a situação e vendo quem tem mais potencial para se eleger e, com isso, não perder o comando do município que está “nas mãos” dele desde 2001.

Carlos Geilson tem chance?

Ex-aliado de José Ronaldo e atualmente na base do governador Rui Costa (PT) como ouvidor geral da Bahia, o ex-deputado estadual Carlos Geilson também está entre os possíveis candidatos na corrida ao Paço Municipal. Mas para ter chance, Glauco acredita que precisa fazer parceria. “Eu ouvi falar de uma declaração recente de Carlos Geilson [no programa Bom dia Feira, de Dilson Barbosa], em que ele diz que não é liderado, mas independente. Mas se ele não é liderado, ele tem que ser líder. Ele lidera quem? Acho que Carlos Geilson teria que ter constituído essa força já que ele proclama querer ser independente. Não tendo essa força, ele tem que se juntar a alguém. Acho que Carlos Geilson tem trânsito com o eleitorado de direita, conservador e pode fazer a parceria com o candidato de Rui Costa, que naturalmente deve ser o deputado Zé Neto”,

Colbert pode reverter a rejeição?

Para reverter a rejeição, Colbert precisa, na análise de Glauco, falar muito com José Ronaldo e melhorar o desempenho diante da população. “Alguém estava elogiando para mim o desempenho de ACM Neto e as pessoas até criticam: ‘Só cuida de rua, de praça, de beleza, é tudo maquiagem’. Eu não vou entrar nesse mérito. Até entro e acho que ACM Neto tem feito mais que isso, mas mesmo que fosse só isso, é fundamental para um prefeito. Eu digo sempre, o prefeito que não cuida de rua e de praça, não presta para mais nada, isso é essencial”, concluiu.

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