Feira de Santana

Fundação que defende vítimas de violência em Feira de Santana atende 60 mulheres por mês

Quem precisar acionar a Fundação Supera pode entrar em contato pelo email [email protected] ou pelo telefone 75 9 8164-1060.

14/08/2019 às 14h57, Por Maylla Nunes

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Daniela Cardoso e Ney Silva

As mulheres que são vítimas de violência em Feira de Santana tem uma rede de proteção formada por várias instituições, incluindo Delegacia da Mulher, Defensoria, Ministério Público, CRMQ, Ronda Maria da Penha e também uma fundação que funciona como ONG. A Supera é uma entidade dirigida pela educadora Cristina Belatore, que explica como surgiu a ideia de criar a entidade.

“A ideia na verdade partiu da sensação da empatia, quando a gente vivencia a violência, a gente aprende a se colocar no lugar do outro. Eu vivi um ciclo de violência durante alguns anos, interrompi o ciclo de violência e nessa fuga, acabei vindo parar em Feira de Santana em 2016, desde então eu sou assistida nesse centro, já passei por outros em outra cidade e aqui gerando vínculo, conhecendo outras mulheres e me aproximando mais. Surgiu na verdade, o interesse de criarmos uma rede entre nós e que mulheres vítimas de violência cuidem de mulheres que também são vítimas de violência”, afirmou.

Cristina Belatore informou que o trabalho é feito com alguns pilares: organização, estruturação, suporte para essas mulheres, transmitindo segurança, desenvolvendo autoestima, trabalhando as questões psíquicas, os traumas que ficam e precisam ser tratados, ressocialização, colocando essa mulher de novo no ambiente social. Além disso, ela destaca a importância de estruturar as necessidades básicas, pois a mulher vítima de violência muitas vezes passa por privações.

“A mulher vítima de violência é marginalizada e isso gera uma exclusão social, pois existe o julgamento, as críticas, a dificuldade em saber lidar. A gente divide nosso projeto em ciclos de noventa dias que é o processo de Coaching, então são doze acompanhamentos, muda de fase. No primeiro momento disponibilizamos cesta básica, encaminhamento para médico, exames de saúde, parcerias com terapeutas, psicólogos que podem fazer um tratamento mais aprofundado e assessoria jurídica também, que é quando, para fugir um pouco do sufoco da defensoria pública e a gente tem uma equipe de voluntários que assistem essas mulheres”, explicou.

De acordo com a educadora, as mulheres também são acompanhadas até a delegacia, as audiências e têm um apoio nas questões burocráticas, com assessoria jurídica. A ONG ainda ajuda as mulheres a retornarem ao mercado de trabalho.

“Existem prioridades para a mulher vítima de violência que ela própria desconhece. A gente procura aproximá-la desse conhecimento para que essa informação gere benefício para que ela saia desse ciclo de violência o quanto antes. Hoje a gente tem enfatizado encaminhar para o mercado de trabalho, capacitar, apresentar outras possibilidades, desenvolver o lado empreendedor, tirar da crise, estabelecer novas parcerias porque a questão financeira é o que puxa muito a mulher para voltar para o ambiente agressor”, afirmou.

A educadora Cristina Belatore afirmou que existe um embargo que é o processo judicial, que é muito demorado. Ela afirma que a ONG tem mulheres assistidas que estão há nove anos para receber uma pensão.

“Tem exemplo de mulher que passou por 26 audiências de conciliação, então é um desgaste, é uma humilhação muito grande, tudo muito demorado, de situações de alguém ir procurar alguma informação no espaço burocrático, que seria uma das varas e ouvir de funcionários, ‘apanham porque querem’. Então existe essa falta de empatia e a gente busca também trazer um pouco mais de sensibilidade para quem assiste essas mulheres independentemente de onde está, aprender a exercitar, se colocar no lugar. Também fazemos um trabalho de conscientização, prevenção de reeducar as mulheres, então a gente vai em escolas públicas, particulares, igrejas e a gente dá palestras de como perceber que o cara já tem indício que vai te trazer problemas futuramente”", finalizou.

Quem precisar acionar a Fundação Supera pode entrar em contato pelo email [email protected] ou pelo telefone 75 9 8164-1060. 

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