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Por que jejuar?

Essa palavra nos traz a lembrança de sofrimento e muitas vezes nos é apresentada como privação inútil de doces, bebidas alcoólicas, refrigerantes, chocolates, alimentos saborosos...

08/04/2019 às 09h33, Por Maylla Nunes

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A palavra jejum não é bem aceita em nossa realidade tão ligada ao bem-estar e ao conforto. Essa palavra nos traz a lembrança de sofrimento e muitas vezes nos é apresentada como privação inútil de doces, bebidas alcoólicas, refrigerantes, chocolates, alimentos saborosos…

DO PONTO de vista da natureza, o jejum é um contra-senso, pois parece ser a negação de meios de sobrevivência ao corpo. Somente do ponto de vista religioso e das convicções pessoais, o jejum é uma renúncia a um bem importante em prol de uma transformação espiritual. Está presente em todas as religiões como forma de purificação e de solidariedade. Simplesmente privar-se de comer ou beber sem uma atitude interior de conversão, de nada vale.

OS SANTOS insistem em dizer que aquilo que você não comeu, praticando o jejum, não pertence mais a você, mas aos pobres. Essa dimensão solidária refere-se, não somente a comidas e bebidas, mas a todos os bens. Há tantas coisas que podemos repartir! Abrir o guarda-roupa e distribuir o que está sem ser usado, pode representar um significativo desapego.

O PAPA Francisco indica outros tipos de jejum: Jejum do descontentamento: encher-se de gratidão. Jejum da raiva: encher-se de mansidão e paciência. Jejum do pessimismo: encher-se de esperança e otimismo. Jejum de preocupações: encher-se de confiança em Deus. Jejum de queixas: encher-se com coisas simples da vida. Jejum de tensões: encher-se de orações. Jejum de amargura e tristeza: encher o coração de alegria. Jejum de egoísmo: encher-se de solidariedade pelos outros. Jejum de falta de perdão: encher-se de reconciliação. Jejum de palavras: encher-se de silêncio para ouvir os outros.

JESUS nos ensina que o jejum deve ser a expressão da conversão e da caridade e não apenas uma prática hipócrita que não transforma nossa vida, mas nos enche de vaidade e presunção, como ocorria com muitos fariseus. O jejum torna-se fonte de alegria quando a finalidade é nobre. O jejum bíblico encontra a sua razão na profunda necessidade de partilha e de conversão. A alegria sempre surge quando sabemos nos privar de algo, por amor e com amor, para vermos o outro feliz.

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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