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Futebol e eleições

No futebol, os limites são as quatro linhas do estádio. Na política, o campo é muito mais amplo.

03/07/2018 às 08h50, Por Maylla Nunes

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A primeira vez a gente nunca esquece. Para alguns, a primeira vez foi a 16 de junho de 1950, no Maracanã. O Brasil estava na final contra o pequeno Uruguai. Saímos na frente, mas o Uruguai virou o jogo: 2 a 1. O Brasil ficou atônito e paralisado. Foi dormir triste e alimentou a certeza: jamais seria campeão do Mundo.

DEPOIS houve, a 29 de junho de 1958, a Suécia e novamente o Brasil na final. Mal começou o jogo e os suecos estavam na frente no placar. Mas o Brasil tinha alguns trunfos na manga e aí brilhou aquele que, talvez, seja o trio mais extraordinário da história do futebol mundial: Pelé, 17 anos, Mané Garrincha, o craque das pernas tortas, e o Mestre Didi, da folha seca. Final: Brasil 5×2 Suécia e aí nos tornamos o País do Futebol.

O FUTEBOL é a alegria do povo. É uma soma de possibilidades comerciais, turísticas, sociais, culturais e humanas. É medicinal, mas infelizmente, muitos governantes, aproveitam-se das grandes festas populares para promulgar leis indigestas para o povo. Já os imperadores romanos praticavam a estratégia: pão ou circo. Quando faltava pão, aumentavam o circo, isto é, as festas populares. Governantes aproveitam, também, a Copa do Mundo para aumentar seu prestígio.

É RELEVANTE a coincidência da Copa do Mundo com eleições no Brasil. O Ano de Copa do Mundo, coincide sempre, com o ano de eleger o presidente, senadores, governadores, deputados federais e estaduais. Enquanto dura a Copa, parece inoportuno antecipar questões políticas. Mas, somos os mesmos: os que torcem agora pela seleção que entra em campo, e os que vamos entrar em campo nas eleições deste ano.

NO FUTEBOL, os limites são as quatro linhas do estádio. Na política, o campo é muito mais amplo. Ele tem as dimensões do Brasil. Esse precisa ser continuamente repensado, para estar sempre a serviço da comunidade. Aí todos os cidadãos se sentem escalados para atuar, de modo consciente e organizado. O resultado da Copa pouco vai alterar a realidade social. Mas, nossa maneira da atuar na política, precisa ir melhorando a situação do país. Essa depende de nossa participação.

DO PONTO de vista religioso o esporte é de grande importância. O apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos Coríntios, exorta os cristãos com as seguintes palavras: “Não sabeis que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o prêmio? Correi, portanto, de maneira a consegui-lo”. (2Cor 9,24).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
 

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