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Ex-líder do Pink Floyd diz que 'não ficaria surpreso' se israelenses tentarem matá-lo em turnê na Europa

Músico falou em SP sobre turnê com tom político que vai no início de 2018 à Europa e em outubro ao Brasil.

09/12/2017 às 06h29, Por Andrea Trindade

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Aos 74 anos, Roger Waters não foge de brigas. O ex-líder do Pink Floyd vai trazer em outubro de 2018 ao Brasil uma turnê com alta carga política, com antigas músicas da banda e do álbum Is "This the Life We Really Want? (2017)". Donald Trump, presidente dos EUA, é um alvo especial de críticas no disco e na turnê.

Waters participou de entrevista coletiva em São Paulo nesta sexta-feira (8) sobre o show que vai trazer ao país. Mas as tentativas de falar sobre detalhes do espetáculo e do repertório foram frustradas: ele queria mesmo explicar as inspirações políticas do seu trabalho.

O músico conhecido por sua posição pró-Palestina e por insistir para que músicos não toquem em Israel não gostou, claro, de o governo de Trump ter reconhecido na quinta-feira (7) Jerusalém como capital israelense – contrariando os palestinos e o resto do mundo.

A "direita sionista cristã raivosa" dos EUA quer "destruir a Terra", segundo Roger Waters. O músico não mede palavras – e também acredita em reações fortes contra ele.
"Sei que vou enfrentar uma grande batalha na Europa [onde tocará no ano que vem]. Porque os israelenses vão tentar me matar. Não literalmente, provavelmente, embora eles possam fazer isso também. Eu não ficaria surpreso. Eles são bem estranhos. Mas eles vão me atacar com a toda a voracidade deles para me descreditar", disse.

Veja os principais trechos da entrevista:

A divisão entre as pessoas é o tema central de sua música. Essa turnê fala muito disso. Ao contrário do que muita gente previa, hoje estas divisões estão crescendo e ficando mais violentas. Por que isso acontece? Acha que o rock e a música pop podem ajudar nisso?

Roger Waters – Isso acontece porque os poderosos sempre roubaram dos sem poder. Esperávamos que isso diminuísse depois da Primeira Guerra depois da formação da Liga das Nações. E depois da Segunda, com a formação das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Há um fórum para expressar os sentimentos dos povos. Mas nada muda. Por quê? Todo mundo continua corrupto. Por que isso acontece? Todos vivemos, especialmente vocês aqui no Brasil, as consequências de séculos de colonização. Oprimiram não só os povos indígenas brasileiros, mas todos os escravos que trouxeram.

Há um motivo para isso. Velhos hábitos demoram a morrer. Algumas pessoas acham que são especiais e que têm o direito de mandar no mundo e roubar tudo. É difícil para elas acharem que há algo errado com isso. Talvez todos os seres humanos devessem ter direitos iguais. Mas eles não acreditam nisso.

A turnê passou 2017 pelos EUA, com várias referências ao presidente deles. Você vai adaptar isso em 2018, em shows no resto do mundo?

Eu já editei uma nova versão [do vídeo] da música "Money", agora não é só sobre Trump e Putin. Vou adicionar Theresa May, Macron e líderes da Europa, porque vamos tocar lá. Eu adoraria fazer um show diferente para cada lugar, sobre cada problema local, político, discriminação e etc, mas é impossível. Confesso que não tinha pensado na América do Sul ainda. Estou pensando na Europa.
 

Fonte: G1

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