Feira de Santana
Sem casa, família com 6 crianças volta a morar embaixo do viaduto
O secretário municipal de desenvolvimento social, Ildes Ferreira, esclareceu à reportagem do Acorda Cidade, que o trabalho de assistência social é feito por um período, enquanto as pessoas também devem buscar trabalho e meios para sobreviver.
18/11/2017 às 10h16, Por Kaio Vinícius
Rachel Pinto e Laiane Cruz
Há alguns meses, a família da dona de casa Deise Brito, por falta de condições financeiras, passou a ocupar o viaduto da Avenida João Durval Carneiro, cruzamento com a Avenida Getúlio Vargas em Feira de Santana. Ela, os seis filhos e o marido moravam em uma casa alugada, através do programa Aluguel Social, da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso). No entanto, após o período estabelecido pelo programa, o proprietário da casa onde estava, no bairro Pedra do Descanso, pediu que saíssem do local.
Comovidos com a situação da dona de casa, funcionários da secretaria vinham pagando o aluguel da família até que ela encontrasse um imóvel que se encaixasse nos critérios do programa Aluguel Social, que pagaria a estadia em uma residência no valor de R$ 300 reais mensais, desde que o imóvel estivesse com a documentação regularizada.
Diante da dificuldade de encontrar uma casa neste perfil e sem ter para onde ir, há cerca de dois meses, a família voltou a ocupar o viaduto.
“O aluguel venceu e a prefeitura mandou procurar outra casa de 300 reais e eu não consegui uma casa com IPTU e com todas as coisas que eles pediram. A gente estava morando na Mangabeira, e o proprietário da casa pediu. E a prefeitura tirou as nossas coisas. Eles disseram que poderíamos ficar aqui no viaduto, mas as nossas coisas não”, afirmou.
Com 31 anos, Deise relata que está desempregada e o marido está trabalhando como guardador de carros. Uma criança menor está com o casal e os outros filhos que estudam estão na casa de uma amiga. Através de doações e dos serviços do marido, a família têm conseguido se alimentar e Deise conta que espera uma providência da prefeitura para revolver a situação.
O marido Creomar Bastos dos Santos, 35 anos, explica que por dia ganha entre 20 e 30 reais e teve que morar no viaduto por falta de oportunidades.
“Não sei ler, nem escrever. Não tive oportunidade de estudar quando era jovem, e agora estou aqui com minha criança e minha esposa debaixo do viaduto. Guardo carros para a gente se manter”, declarou.
De acordo com Creomar, a família foi contemplada no Programa Minha Casa Minha Vida, mas até o momento a residência não foi entregue.
O secretário municipal de Desenvolvimento Social, Ildes Ferreira, esclareceu à reportagem do Acorda Cidade, que o trabalho de assistência social é feito por um período, enquanto as pessoas também devem buscar trabalho e meios para sobreviver. Sobre os móveis da família que foram retirados do viaduto, ele explicou que tais objetos não podem ocupar o espaço público.
“É um caso de muitas pessoas. Infelizmente os governos não tem como dar casa, comida para todo mundo. As pessoas tem que correr atrás, trabalhar para sobreviver. A assistência social é provisória, é por um tempo. Mas, tem pessoas que não querem fazer isso. Ela estava precisando, estava sem ter para um dia, pagamos um lugar para ela por um período para que procurasse uma casa com o aluguel social. Mas, ela nunca fez isso. É claro que a gente está lidando com o dinheiro público e tem a questão burocrática, com a documentação regularizada. Esta semana ela disse que não iria procurar casa nenhuma e que iria para debaixo do viaduto. Retiramos os móveis, ela não quis ir para a casa abrigo com as crianças a gente não pode levar ninguém a força. Infelizmente é esse o quadro, não pode colocar móveis lá. Imagine se as pessoas resolverem levar os móveis para o meio da rua, o governo não vai aceitar esse caso, tem o trabalho de assistência, tem as limitações, dá para servir, mas na base da chantagem a gente não vai agir”, finalizou.
Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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