Feira de Santana

Dupla de Caruaru vence o Festival de Violeiros de Feira de Santana

O evento contou com a participação especial dos violeiros João Ramos, Bule Bule e Caboquinho.

22/10/2017 às 10h39, Por Kaio Vinícius

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Laiane Cruz e Ed Santos

Cinco duplas de violeiros dos estados da Bahia, Alagoas, Paraíba e Pernambuco, animaram a 43ª edição do Festival de Violeiros neste sábado (21), no Mercado de Arte Popular (MAP) em Feira de Santana. O repente, a cantoria e a cultura popular, que já é tradição na programação cultural da cidade, contou com a participação especial dos violeiros João Ramos, Bule Bule e Caboquinho.

A dupla vencedora do festival foi a composta por João Lourenço e Hipólito Moura, da cidade de Caruaru, em Pernambuco. O Festival de Violeiros é uma iniciativa da Associação dos Violeiros e Trovadores da Bahia (AVTB). As duplas classificadas foram:

1º lugar – João Lourenço e Hipólito Moura (Caruaru – Pe);
2º lugar – Galego da Viola (PE) e Nandinho de Riachão (BA);
3º lugar, com 76 pontos – Vem-Vem do Nordeste (SE) e João Bezerra (PB);
4º lugar, com 63 pontos – Zeildo Batista (Palmeira dos Índios – AL) e Noel Calisto (Santana do Ipanema – AL);
5º lugar, com 62 pontos – Antônio Queiroz (Serrinha – BA e Leandro Tranquilino (Candeal – BA).

O repentista João Lourenço, que participou pela quarta vez do Festival, disse em entrevista ao Acorda Cidade que não esperava o prêmio de primeiro lugar.

“A gente já é campeão quando recebe o convite, então em qualquer colocação que a gente ficasse já era campeão só por ter participado e voltado a cantar em Feira de Santana, uma cidade tão cultural, que o povo pensa que não é, mas é. Essa foi a quarta vez que participei de um festival em Feira e sempre que sou convidado é motivo de orgulho”, afirmou João Lourenço.

Hipólito Moura contou um pouco da sua trajetória desde que saiu do Piauí para ir morar em Pernambuco, e como surgiu a dupla com João Lourenço.

“Fiz a dupla com Rogério Menezes, que fazia dupla com Raimundo Caetano e tinham se separado. Fui morar em Caruaru e passamos oito anos em uma rádio chamada Rádio Jornal. João Lourenço morava em Caruaru e começaram a surgir muitos convites para ele cantar comigo e eu cheguei ao ponto de conversar com ele para fecharmos um programa numa rádio. A gente abre a dupla, quando o povo quer, ele canta com outro e eu também, mas 60% das nossas cantorias fazemos juntos”, contou.

Perguntado sobre de onde vem a inspiração para as suas cantorias, ele afirma que isso é um dom. “Não tem faculdade pra isso, nem escola. A poesia vem da veia. Faço parte de uma família de oito irmãos e todos gostam de cantoria, mas se você pedir pra qualquer um deles dar um mote, eles não sabem dar, nem o mote mais fácil. Meu pai também gosta de cantoria, a casa dele sempre foi ponto de cantoria e ele chamava os cantadores, mas não tem essa veia”.

O violeiro Bule Bule destacou que o Festival contribui para o aquecimento da cultura em Feira e toda a região. Ele parabenizou os organizadores pelos 42 anos do evento e falou ainda sobre a situação dos violeiros.

“Muitos violeiros desenvolveram com segurança o seu trabalho e conseguiram não uma grande independência, mas viverem folgados. Uns dois ou três conseguiram chegar ao ponto da riqueza normal, porque com cultura popular não dá pra exagerar com bens adquiridos. Tem muita gente bem da viola, outros não ganharam fortuna, mas tiveram oportunidade de estudar”, relatou.

Sobre a dificuldade de se fazer um festival como esse, ele ressaltou que hoje os compromissos da política são muitos, e na hora de decidirem quem pode ficar esperando, sempre sobra para a cultura popular.

O repentista João Ramos, que é dirigente da Associação dos Violeiros e Travadores da Bahia, afirma que o significado do evento é manter viva a cultura popular nordestina. No entanto, ressalta a dificuldade em se manter a tradição.

“O único apoio que a gente tem ainda é o do governo. É uma dificuldade enorme. A imprensa tem apoiado muito, com todos os órgãos divulgando, e isso também dá muita força pra gente. Sabemos da responsabilidade de corresponder a esse público grande que nos ouve, mas a gente precisa de dinheiro, não se faz nada sem ele, como comprar os troféus, hospedar os convidados no hotel, e ainda garantir aos violeiros um cachê, porque ninguém sai de casa hoje sem garantir o dinheiro da feira.”

João Ramos enfatizou ainda que a cultura popular é algo que não dá muito retorno, por isso que é feita com vontade por quem realmente gosta.

Fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
 

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