Literatura

New journalism: 4 livros para você começar a se aventurar por esse gênero literário

Esses textos possuem uma maior liberdade de linguagem e uma narrativa sedutora e envolvente, sempre pautada em fatos e na realidade.

01/08/2017 às 11h19, Por Andrea Trindade

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Uma aula obrigatória nos cursos de Jornalismo é sobre o new journalism, que nada mais é do que a utilização de técnicas literárias em textos jornalísticos. Normalmente, são reportagens mais aprofundadas e que se transformam em livros de não-ficção, os livros-reportagens. Esses textos possuem uma maior liberdade de linguagem e uma narrativa sedutora e envolvente, sempre pautada em fatos e na realidade. Mesmo para quem não é da área, possivelmente vai se encantar com esse gênero literário. Confira abaixo alguns exemplos de obras com essas características:

 

A sangue frio – Truman Capote
 Essa é a verdadeira obra-prima do jornalismo literário. Capote se consagrou como um dos maiores escritores e jornalistas do século XX, principalmente por causa da publicação de “A sangue frio” (In cold blood, em inglês). A história começou despretensiosa até que o autor se deparou com uma notícia sobre o assassinato de quatro membros da família Clutter na pequena cidade de Holcomb, oeste do Kansas. Durante cerca de seis anos, ele fez entrevistas com familiares, policiais e moradores, além de consultas a documentos. A apuração rendeu cerca de oito mil páginas de anotações.

 Apesar de o texto impecável e de ser referência internacional para o jornalismo em profundidade, a obra é cercada por várias polêmicas; entre elas, o estilo de apuração de Capote, que confiava na sua memória ao invés de fazer anotações, e o suposto relacionamento amoroso com Perry Smith, um dos assassinos. A obra ganhou adaptação cinematográfica e para a TV.

 

A vida que ninguém vê – Eliane Brum
 Eliane Brum já ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais pelas reportagens que escreveu. Dona de uma fala mansa e de uma habilidade de escuta impressionante, é conhecida pela capacidade de sensibilizar as pessoas com reportagens profundas e reflexivas sobre aspectos sociais e a complexidade humana. Em “A vida que ninguém vê”, Eliane retrata por meio de 23 crônicas histórias de pessoas anônimas e invisíveis aos olhos da sociedade. Sutil e incisiva, a autora consegue passar toda a carga emocional que o tema merece em uma leitura rápida e fluida.

 

Hiroshima – John Hersey
O livro de Truman Capote é conhecido por inaugurar o new journalism, contudo, não se pode dizer que foi o escritor que inventou o estilo literário. O jornalista John Hersey já utilizava essas técnicas criativas em 1946, por exemplo. Hiroshima, que foi considerada a melhor reportagem do século XX, conta a tragédia que assolou o Japão quando um bombardeio proferido pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial destruiu a cidade de Hiroshima e matou centenas de milhares de pessoas.

 A narrativa tem um diferencial, que é contar a história não do ponto de vista estatístico ou científico, e sim do ponto de vista humano, pelas vozes de seis sobreviventes. Hersey reconstrói os acontecimentos – desde a explosão até as consequências que essas pessoas sofreram.

 No posfácio da versão brasileira, Matinas Suzuki Jr. escreve: “Hiroshima é uma espécie de Cidadão Kane do jornalismo. […] John Hersey precisou de 31.347 palavras para explicar como uma única explosão matou 100 mil pessoas, feriu seriamente o corpo de mais 100 mil e machucou a alma da humanidade”.

 

Fama e anonimato – Gay Talese
 Nesse livro, o renomado jornalista norte-americano Gay Talese conta, em uma série de três reportagens, como é a vida urbana de Nova York. A narrativa foge do lugar comum ao inserir um ritmo poético e literário às histórias. Na primeira parte, Talese versa sobre o intrigante e estranho espaço urbano de Nova York; na segunda, sobre a construção da ponte Verrazano-Narrows; e a terceira, sobre artistas e esportistas americanos. É nessa última parte que está o texto mais famoso do autor. Ele fez um perfil minucioso e detalhista de Frank Sinatra sem sequer entrevistá-lo, apenas o observando a distância.
 

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