Feira de Santana

Unidades de saúde em Feira de Santana rejeitam pacientes por falta de vagas

O diretor da Policlínica do Tomba, José Pires Leal, em entrevista ao site, na manhã deste sábado (17), relatou o sufoco que a unidade de saúde vem enfrentando para conseguir atender a demanda.

17/06/2017 às 14h26, Por Kaio Vinícius

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Laiane Cruz

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que fica ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, colocou um comunicado na porta do local, na noite de ontem (16), informando sobre a suspensão dos atendimentos devido à superlotação.

De acordo com o comunicado, somente os pacientes com classificação amarela, que são aqueles com gravidade moderada, sem risco de morte, e pacientes com classificação vermelha, que têm necessidade de atendimento imediato e possuem risco de morrer, passarão pela triagem e serão acolhidos. Já os pacientes com classificação verde e azul, de média e baixa complexidade, deverão se dirigir para outras unidades.

Situações como esta demonstram que o problema da superlotação nas policlínicas e hospitais de Feira de Santana parece não ter solução. São constantes os apelos e as reclamações de familiares de pacientes que buscam transferência de parentes que estão internados para hospitais de grande porte no município e não conseguem, e quando surge a vaga, muitas vezes, o paciente já faleceu. A resposta é sempre a mesma: ‘Não tem vagas’. Além disso, há casos em que os pacientes percorrem mais de uma unidade de saúde a fim de conseguir um atendimento de urgência e emergência.

A paciente Edilza Graças Pereira é um desses casos. O marido dela, Antônio Carlos Silva de Jesus, conhecido como Bahia do Feira VI, fez um apelo emocionado no programa Acorda Cidade na manhã de hoje (17), pedindo uma transferência da esposa para o Hospital Geral Clériston Andrade. Edilza está internada há 22 dias no Hospital Dom Pedro de Alcântara, com câncer do colo do útero e necessita fazer hemodiálise. A unidade já solicitou a regulação da paciente, porém conforme a assessoria do Clériston Andrade, a paciente não poderá ser regulada para o local pois o hospital não é responsável por cuidar de pacientes com câncer e o HDPA possui o serviço.

O paciente Carlos Alberto de Jesus Ribeiro, de 53 anos, passa por uma situação semelhante. Um dos seus familiares fez um apelo ao Acorda Cidade, informando que ele está internado na policlínica do distrito de São José. Ele possui um problema na tireóide e necessita de uma regulação para um hospital de Feira de Santana, a fim de realizar uma biópsia para cirurgia, mas a alegação das unidades é que não há vagas para recebê-lo.

O relato feito pelo leitor do site Acorda Cidade Fabiano Coelho também mostra o sofrimento da população em busca de uma vaga. Ele contou que a prima gestante Jhoane Barbosa de Jesus estava, desde as 21h de ontem (16), em estado grave na policlínica do bairro Tomba, com suspeita de aborto ou gravidez nas trompas. A unidade de saúde solicitou a regulação para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) e foi informada que quem deveria receber a paciente era o Hospital da Mulher, que também informou não possuir vagas. Após horas à espera de uma solução, a paciente conseguiu finalmente uma vaga no HGCA.

Acima do limite

O diretor da Policlínica do Tomba, José Pires Leal, em entrevista ao site, na manhã deste sábado (17), relatou o sufoco que a unidade de saúde vem enfrentando para conseguir atender a demanda. De acordo com ele, o problema da superlotação já ocorre há muito tempo, e devido à proximidade da policlínica com o HGCA e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que fica ao lado do hospital, muitos pacientes que não conseguem vagas nestes locais, procuram a unidade de saúde, que é de baixa e média complexidade.

“Nesse momento a unidade está superlotada e isso vem também dos problemas da UPA, que passa a semana toda parada, funciona um dia, e o resto da semana não funciona, e os pacientes nos procuram para fazer o atendimento. Para se ter uma ideia, nós tínhamos um atendimento que variava em torno de 250 a 280 e agora nós estamos sobrecarregados com um atendimento de 358 pacientes por dia”, revelou Leal.

Ele salienta que a orientação da Secretaria de Saúde é para a policlínica atender a todos os pacientes que chegam, exceto os de outros municípios que necessitam de internação hospitalar.

“A policlínica é uma unidade de baixa e média complexidade, que não trabalha com internação hospitalar, e a permanência máxima do paciente deve ser de 24 horas. Mas hoje a nossa maior dificuldade são os pacientes que necessitam de internação hospitalar. Infelizmente, nós não temos hospital em Feira de Santana para atender a essa demanda. É uma questão do estado, que há oito anos prometeu que Feira iria ganhar um novo hospital geral e até hoje estamos aguardando”, disse.

Ainda conforme José Pires Leal, atualmente a Policlínica do Tomba está com dois pacientes necessitando de regulação. “Um com fratura no nariz e outro paciente que está com as enzimas cardíacas alteradas precisando de uma vaga para avaliação cardiológica. E onde a gente vai botar esse paciente, que está aqui desde ontem aguardando uma regulação para o hospital e a gente não consegue? O pessoal procura o Hospital Clériston Andrade e a UPA e quando estão parados eles orientam a procurar a policlínica do Tomba. Vêm pra aqui com várias queixas e nós somos obrigados a acolher. Isso tem nos acarretado demais”, desabafou.

Uma fonte ouvida pelo Acorda Cidade, mas que preferiu não se identificar, opinou que as questões relacionadas à saúde em Feira de Santana só terão solução com a ampliação do Hospital Clériston Andrade, e não a construção de um novo hospital no município, conforme prometido pelo governador Rui Costa, durante a campanha eleitoral para o governo do estado.

Com informações e fotos do Ed Santos e informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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