Brasil e EUA
Pesquisadores estudam reações graves à vacina da febre amarela
Será possível desenvolver um kit diagnóstico para evitar que pessoas com predisposição a reações ao produto sejam imunizadas.
18/04/2017 às 08h17, Por Andrea Trindade
Acorda Cidade
Os efeitos adversos graves da vacina contra a febre amarela, embora raros, preocupam as autoridades médicas e de pesquisa dentro e fora do Brasil. Para tentar identificar as causas, pesquisadores da Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da Universidade Rockefeller, dos Estados Unidos, iniciaram uma parceria para estudar fatores individuais para o problema, que pode ter origem genética.
Entre os possíveis efeitos adversos da vacina contra febre amarela, o mais grave é a doença viscerotrópica, que pode causar choque, derrame pleural e abdominal, e falência múltipla dos órgãos.
Segundo o pesquisador Reinaldo de Menezes Martins, consultor científico da Bio-Manguinhos, os efeitos adversos ocorrem em uma a cada 300 mil pessoas vacinadas e a média é de uma morte a cada 10 a 20 casos em que há reação à vacina. Ainda não foram encontrados mutações no vírus da vacina ou problemas ligados à produção que pudessem explicar esses eventos adversos, que segundo ele, devem ter origem genética.
“Essas reações acometem muitas vezes pessoas absolutamente saudáveis. Resta estudar algum fator individual que faz com que certas pessoas sejam sujeitas a esses eventos adversos. Imaginamos que esse fator individual deve ser de natureza genética.”
Caso seja confirmada a relação dos efeitos adversos da vacina a fatores genéticos, será possível desenvolver um kit diagnóstico para evitar que pessoas com predisposição a reações ao produto sejam imunizadas. Segundo Martins, o protocolo para a pesquisa teve os recursos aprovados, mas falta a liberação da verba.
Um estudo já em andamento na Bio-Manguinhos pode levar à fabricação de vacinas contra a febre amarela sem vírus vivo, que poderia reduzir a possibilidade de efeitos adversos, mas o projeto ainda não tem perspectiva de conclusão, de acordo com o pesquisador. “Os estudos são promissores, mas os testes estão sendo feitos ainda em animais e não temos perspectivas de tê-la pronta nos próximos anos.”
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