Feira de Santana
Nova análise constata que água de obra do BRT não é própria para consumo
A responsável técnica pela análise disse que não sabe a viabilidade econômica para tirar a terra da água.
24/03/2017 às 06h29, Por Andrea Trindade
Daniela Cardoso
A prefeitura de Feira de Santana, através do Departamento de Áreas Verdes, solicitou uma nova análise da água que está jorrando na Avenida Presidente Dutra, nas obras do BRT. De acordo com Dalila Ferreira, que é responsável técnica pela análise, a nova solicitação foi feita para verificar se a água poderia ser utilizada para irrigação ou para uso animal. (Ouça a entrevista)
Dalila Ferreira explicou que alguns parâmetros analisados estão relacionados com a quantidade de terra na água, o que impede a utilização tanto para consumo humano quanto para irrigação ou para uso animal.
“O principal problema que deu no resultado foi a turbidez, que é quanto que tem de matéria orgânica de argila na água. Esse parâmetro está muito acima do permitido. De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama 357), pode ser até 100 unidades de turbidez e a amostra deu acima de 800, então realmente é inviável usar a água”, explicou.
A responsável técnica pela análise disse que não sabe a viabilidade econômica para tirar a terra da água. Segundo ela, em caso de turbidez acima do permitido, são utilizados diferentes tipos de filtros para retenção dessas partículas sólidas. “Essa turbidez realmente torna o consumo inviável, tem muita matéria orgânica e o pessoal não pode consumir de jeito nenhum. Essa água não é para ser coletada para nenhuma finalidade, sem o devido tratamento”, ressaltou.
Dalila Ferreira disse ainda que antes do início das obras do BRT a água não tinha a turbidez elevada e estava com os níveis dentro do máximo permitido. Porém, ainda segundo Dalila, todas as atividades da obra do BRT, carregando todo tipo de material orgânico, tornou o uso da água impróprio.
“A água no seu percurso carregou todo o material sólido que estava no caminho e isso torna o uso inviável. Uma análise já havia sido feita antes de carregar o material orgânico e ela estava boa para o consumo, não tinha contaminantes e nem excesso de material orgânico, mas depois de todas as obras, o consumo da água ficou inviável”, explicou.
O diretor do departamento de Áreas Verdes da secretaria municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Deodato Peixinho, disse que existem situações distintas nas obras do BRT. Segundo ele, a água que está jorrando na Getúlio Vargas pode ser aproveitada, já que a obra no local já foi encerrada.
“Hoje estamos utilizando uma água, que é da mesma origem da que está jorrando na avenida presidente Dutra, para a irrigação no monumento Maria Quitéria no cruzamento das avenidas Getúlio Vargas com a Maria Quitéria. Ali não tem mais movimentação de material sólido, pois já acabou a obra, está estabilizado e o lençol freático já não sofre mais ações de movimentos dentro da sua estrutura, então a água tem uma qualidade para irrigação e com certeza também tem qualidade para aproveitamento, tanto que nós estamos irrigando com ela. Na avenida Presidente Dutra é diferente, já que no local está sendo feito um dreno e existem pessoas trabalhando”, explicou.
Deodato Peixinho falou ainda sobre a cor da água. Segundo ele, quando a bomba é ligada existe a necessidade de baixar todo o nível da água para que a equipe possa entrar e trabalhar. Por esse motivo, conforme explicou, a cor fica escura, sendo que após cerca de 40 minutos a tonalidade fica límpida, mas ainda assim a água contém partículas de areia, de solo, já que pessoas continuam trabalhando no local.
“Diante desse resultado posso dizer que ali é uma obra e toda obra existe esse processo. É preciso tirar a água para fazer o trabalho. Essa água que está saindo ali de baixo não pode ser utilizada. A quantidade de água que sai dali também não é tão grande. O que ocorre é que quando liga o motor, muita água é jorrada, mas depois de um tempo para. O departamento de Áreas Verdes monitora todos os espaços de água que tem para não cometer falhas administrativas, afinal de contas temos prestação a dar para a sociedade”, afirmou Deodato.
O diretor destacou também que as análises na água não foram realizadas por conta das críticas. “Já tínhamos um ponto de vista de querer aproveitar a água. Porém constatamos que se a gente jogar essa água nos canteiros, vamos observar que as áreas que eram pra estar verdes, vão ficar amareladas”, disse.
Leia também:
Vereador divulga resultado de análise de água que jorra de escavação da obra do BRT
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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