Artigo
Estive na Prisão
Quase tudo na prisão contribui para piorar, em vez de melhorar, a condição moral e humana das mulheres e homens presos. Essas constatações levam a se considerar as prisões verdadeiras escolas e mesmo universidades do crime.
18/01/2017 às 12h15, Por Rachel Pinto
Acorda Cidade
Diariamente nos deparamos com notícias dos mais diversos tipos de crimes e delitos. Ficamos chocados com as denúncias de superlotação de cadeias e prisões, maus-tratos infligidos aos presos, torturas, massacres, fugas, chacinas, revoltas nas prisões, dificuldades de reintegração ao convívio social dos que saíram.
O problema levanta muitas perguntas. Por que interessar-se pelos direitos dos presos, se eles não respeitam os direitos dos outros? Como é aplicada a justiça? Por que há tanta impunidade? São essas as únicas pessoas que merecem estar na prisão? Quais os direitos dos presos e das presas? O modelo prisional alcança a sua finalidade? Por que não optar por modelos alternativos?
Quase tudo na prisão contribui para piorar, em vez de melhorar, a condição moral e humana das mulheres e homens presos. Essas constatações levam a se considerar as prisões verdadeiras escolas e mesmo universidades do crime. Podemos até nos surpreender quando alguns se reabilitam. É preciso ajudar as vítimas de qualquer tipo de violência. Elas precisam sentir que são acolhidas pela comunidade nos seus sofrimentos.
Os presos, em sua maioria, são, ao mesmo tempo, criminosos e vítimas. É certo que infringiram leis e tiveram comportamento anti-social. Mas, quase sempre, tiveram contra si a falta de um lar, a falta de condições e a falta de oportunidades na vida. Não escolheram o caminho do crime, mas foram induzidos a ele. E o Estado, em vez de possibilitar-lhes a recuperação, os coloca em prisões que são escolas de vícios e de degradação.
A igreja é acusada, mais uma vez, de “defender bandidos”. Não é verdade. O verdadeiro criminoso deve pagar pelo crime praticado, o agressor merece ser corrigido, mas dentro do princípio da lei e da justiça. É, e continua sendo um ser humano. O objetivo maior a ser buscado é a regeneração, a volta ao convívio social. Toda pessoa é maior que a sua culpa.
O papa Francisco, referindo-se aos massacres no Brasil, afirmou: “Renovo apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social, e que as condições de vida dos reclusos sejam dignas de pessoas humanas”. Jesus se identifica com os encarcerados: “Estive na prisão e me visitaste” (Mt 25,36). Ele nos manda: “Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5,45).
Itamar Vian
Arcebispo Emérito
Mais Notícias
Dom Itamar Vian
A Festa da Micareta
“O coração é teu, pode chorar, mas o rosto é dos outros, você deve sorrir.”
15/04/2024 às 09h07
Dom Itamar Vian
A bagagem da vida
Para alguns, a bagagem, é pouca e simples. Para outros, é enorme e complicada, mesmo que a viagem seja breve...
08/04/2024 às 16h17
Artigo
Mentira dos pais
Muitos opais mentem para os filhos. E, psicólogos afirmam que as mentiras terão graves consequências mais tarde.
01/04/2024 às 18h31
Dom Itamar Vian
Ele morreu por mim
A sepultura conta a história comovente de um soldado que morreu salvando a vida de um amigo.
25/03/2024 às 11h10
Dom Itamar Vian
Sangue da Terra
É uma doação da natureza para todos os seres vivos. Sem água potável, é impossível ter saúde!
18/03/2024 às 11h57
Dom Itamar Vian
Por que dar esmola?
Esmola, é uma atitude de doação gratuita, não só de bens materiais, mas de tempo, de qualidades, de serviço, acolhimento...
11/03/2024 às 11h24