Feira de Santana

Psicóloga explica causas de tanta agitação das pessoas em um mundo cada vez mais violento

Judinara Brás afirmou que o ser humano fraterno existe, mas ficou esquecido pelas políticas públicas, pela igreja, pelo estado, pela família. Ela destaca que quanto mais o ser humano é lembrado e valorizado, algumas situações não estariam acontecendo e ele estaria desenvolvendo outras habilidades sociais em seu comportamento.

13/08/2016 às 10h22, Por Rachel Pinto

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Daniela Cardoso e Ney Silva

As relações humanas estão cada vez mais difíceis. Vivemos em um planeta agitado, de muita solidão, desemprego, fome e doenças. Por que a humanidade está ficando menos fraterna? Por que o ódio parece prevalecer mais do que o amor? As pessoas estão próximas tecnologicamente, mas estão ao mesmo tempo distantes no diálogo e na compreensão. A administradora de empresas e psicóloga Judinara Brás aponta possíveis razões para tantos problemas.

Foto: Divulgação

“O mundo ainda não conseguiu crescer em todas as áreas. Então quando a gente traz a explosão da tecnologia e todos os benefícios que ele nos devolve no campo da ciência e da medicina, tem algo que ficou para trás, pois a tecnologia cresce e vai ocupando pensamentos, ideias, lugares, sentimentos. O homem despreparado acha que para fazer uso da tecnologia, precisa dispensar outros costumes”, afirmou.

Ela exemplificou o aplicativo de troca de mensagens instantâneas, WhatsApp. Segundo a psicóloga, o aplicativo pegou as pessoas despreparadas, já que as mesmas não têm habilidade para a comunicação assertiva e estão dependentes do aplicativo, deixando de lado o contato visual nas relações afetivas.

“Nós não estamos preparados para o avanço da tecnologia e isso é uma responsabilidade familiar, escolar. Se as pessoas não se atentarem para a importância das relações humanas, o avanço da tecnologia vai tomar conta. Nós que acreditamos no homem, estamos na esperança de que as pessoas começem a perceber quem elas são, o lugar que querem estar e onde querem chegar. A gente precisa reconhecer o isolamento das pessoas, que nasce não só da tecnologia, mas da arquitetura urbana, do segmento das empresas e de outras áreas que vão formar o homem”, analisou.

Judinara Brás afirmou que o ser humano fraterno existe, mas ficou esquecido pelas políticas públicas, pela igreja, pelo estado, pela família. Ela destaca que quanto mais o ser humano é lembrado e valorizado, algumas situações não estariam acontecendo e ele estaria desenvolvendo outras habilidades sociais em seu comportamento.

“Vou citar alguns exemplos. Entrei na sala de aula e fiz algumas perguntas sobre o dia dos pais. Uma das perguntas foi como é viver sem pai. Ouvi respostas brilhantes, mas uma me chamou atenção. Achei muito cedo para uma criança de seis anos. Ele disse: ‘eu acho que seria feliz do mesmo jeito, pois só vejo meu pai no final de semana’. Possivelmente essa criança já construiu dentro de si o comportamento de abandono, de solidão, mesmo tendo pai e mãe. Se ela já se sente esquecida, vai desenvolver quais habilidades? Vai viver sozinha? O mundo do sozinho vai sendo construído e as tecnologias, quando se trata de comunicação, vai sendo o alívio das pessoas que vivem só”, disse.

A psicóloga Judinara Brás diz que a tecnologia vai avançar ainda mais e defende um limite para o uso delas, evitando que as pessoas se afastem umas das outras. Ela afirma que todos devem pensar sobre isso e que o problema não está na tecnologia e sim na permissão para uso delas, principalmente quando se trata de pais e filhos.

“A tecnologia vai avançar cada vez mais. É importante lembrar que a tecnologia que a gente critica é a mesma que avança nos carros, na cura de doenças. A tecnologia é sempre bem vinda. Mas estamos falando de uma que tem a intencionalidade, que na carência do homem, ela vai sendo substituída cada vez mais por pessoas. Quando um pai reclama que o filho fica o tempo inteiro no WhatsApp, a pergunta é: ‘quem foi que deu?’ e tem perguntas mais profundas. São essas perguntas que temos que fazer. Para muitas famílias está sendo mais fácil culpar”, destacou.
 

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