Salvador

Juiz suspende processo contra bombeiro que matou professora dentro de escola

Defesa alegou que Valdiógenes Almeida Junior tem problemas psiquiátricos; justiça ordenou que ele passe por exames

28/07/2016 às 17h09, Por Maylla Nunes

Compartilhe essa notícia

Acorda Cidade

O juiz Moacyr Pitta Lima Filho, do 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decidiu suspender o processo contra o major do Corpo de Bombeiros Valdiógenes Almeida Cruz Junior, 45 anos, acusado de matar a tiros a esposa, a professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40, até que ele passe por exames de sanidade mental.

A decisão foi tomada no último dia 11 de julho e juntada ao processo no último dia 19. Desde então, o processo encontra-se "suspenso ou sobrestado por decisão judicial" para "instauração de incidente mental".

No texto, o magistrado afirma que a defesa de Valdiógenes requereu a instauração do incidente de insanidade mental por conta da dúvida sobre a integridade mental do bombeiro, alegando que ele "é portador de problemas psiquiátricos, com base nos relatórios médicos e receituário" anexados ao processo.

O Ministério Público foi convidado a se manifestar sobre o pedido da defesa, mas não se posicionou. O juiz, portanto, decidiu pedir o exame e, consequentemente, suspender temporariamente o processo.

"Havendo dúvidas a respeito da sanidade mental do acusado, com fundamento no art. 149 do CPP, instauro incidente de sanidade mental, a fim de ele ser submetido a exame. Face ao que dispõe o art. 149, § 2º, do CPP, suspendo o processo", diz trecho da decisão judicial.

O artigo 149, do Código de Processo Civil, utilizado pelo juiz, diz que, em caso de dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará que ele seja submetido a exame médico-legal. O parágrafo segundo determina ainda que seja nomeado um curador e que o processo seja suspenso.

A partir da publicação do documento, os peritos terão um prazo de 45 dias para realizar o exame, que será feito no Hospital de Custódia e Tratamento do Estado da Bahia. Valdiógenes, que cumpre prisão preventiva no Batalhão de Choque da Polícia Militar da Bahia, em Lauro de Freitas, continuará custodiado e deverá ser encaminhado do Hospital de Custódia somente para a realização do exame.

O Correio procurou o atual advogado de Valdiógenes, o criminalista Alfredo Venet Lima, que também foi nomeado curador do acusado, mas ainda não obteve resposta da defesa sobre a realização do exame.

Família repudia

Um dos irmãos de Sandra Denise, Claudio Alfonso, disse que a família já teve conhecimento sobre a suspensão do processo. No perfil pessoal do Facebook, Claudio escreveu: "Seguimos na batalha contra as tentativas da defesa de impunidade desse criminoso! #machismomata".

Numa página no Facebook chamada Sandra Denise, criada em homenagem à professora e para denunciar crimes de violência contra a mulher e machismo, um dos irmãos repudia a atitude da defesa. "Como não deu certo tentar sujar a reputação da minha irmã, agora a defesa literalmente tenta fazer o assassino se passar por leso. Ficaremos atentos à tentativa de impunidade. #prisãojá #machismoécrime #feminicídio", diz o post.

Outro irmão da professora, o também professor Marcos Tadeu, disse ter recebido a notícia sobre o pedido da defesa com "muita estranheza". "Nunca houve esse histórico e agora não mais que de repente surge tal alegação. A única coisa que sempre foi notada era a posse que ele exercia sobre minha irmã. Ele a tinha como um objeto", afirma.

O crime

Valdiógenes Almeida Cruz Junior se entregou à polícia no dia 16 de maio deste ano e chorou durante o depoimento. No dia 13 de maio, ele matou a tiros a própria esposa, a professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40 anos. O crime aconteceu dentro de uma das salas de aula da Escola Municipal Esperança de Viver, no bairro de Castelo Branco, em Salvador.

Segundo testemunhas, Valdiógenes levou a esposa ao trabalho, pela manhã, e retornou pouco antes do almoço. Como era conhecido pelos funcionários da escola, entrou normalmente no prédio, onde encontrou a esposa em um dos corredores, a abraçou e levou para uma sala de aula que estava vazia. Lá, matou a esposa a tiros e fugiu pulando o muro da escola.

Os dois eram casados há 21 anos e tinham uma filha de 14 anos. Na ocasião, o advogado de Valdiógenes, Sérgio Reis, disse que foram mensagens no aplicativo WhatsApp que motivaram o crime. Ele teria usado um aplicativo espião e encontrado uma troca de mensagens da esposa com um homem desconhecido.

O corpo de Sandra Denise foi velado no Cemitério do Campo Santo, em Salvador, e sepultado no dia 16 de maio, na cidade de Bragança, no estado do Pará, onde o pai da professora nasceu. A cidade fica a 210 quilômetros de Belém, onde Sandra Denise nasceu e morou até se casar com Valdiógenes e mudar-se para Salvador.

Fonte: Correio24hs

 

Compartilhe essa notícia

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias

image

Rádio acorda cidade