Feira de Santana
Líderes discutem intolerância religiosa durante seminário em Feira de Santana
A organizadora do evento, Lurdes Santana, destacou que cada ano é realizado um seminário diferenciado.
26/11/2015 às 18h16, Por Maylla Nunes
Daniela Cardoso
Um seminário para debater a cultura negra foi realizado na Fundação Senhor dos Passos, em Feira de Santana. Entre os temas debatidos durante o seminário, foi realizada uma mesa redonda para falar de intolerância religiosa. Líderes religiosos participaram do debate. A organizadora do evento, Lurdes Santana, destacou que cada ano é realizado um seminário diferenciado.
“O seminário tem o objetivo de tentar diminuir um pouco a questão racial dentro do município de Feira de Santana. Esse é o 23º ano que realizamos esse evento na cidade com pessoas da sociedade civil, estudantes, coordenadores de equipamentos públicos. Temos pessoas de outras cidades, como Santo Estevão, Cruz das Almas, entre outras”, afirmou.
Lurdes afirmou que existem muitos casos de intolerância religiosa em Feira de Santana, inclusive, dentro de equipamentos públicos. Segundo ela, o povo de santo é o que mais sofre com a intolerância.
“Quem mais agride são os evangélicos. No início do século era a igreja católica. A gente precisa mudar isso. Não podemos ter intolerância religiosa no nosso dia a dia. Deus é único, o ser humano que é maldoso”, afirmou.
O pastor Raimundo Borges concorda que em Feira de Santana existe muito a intolerância religiosa, principalmente, dentro das igrejas protestantes contra o culto afro, católico e demais cultos.
“Acho que essa intolerância existe, pois fomos aculturados, fomos cristianizados pelo colonizar europeu e nós, como cristões, muitas vezes não aceitamos outras religiões, principalmente as de matriz africana. Esse é um debate muito proveitoso, muito rico, que nos traz uma reflexão sobre as questões voltadas aos aspectos religiosos que estamos debatendo aqui”, opinou.
De acordo com o Padre Dom Marcos, a intolerância religiosa é o que podemos considerar como agressão, falta de respeito a maneira do indivíduo acreditar, é achar que só a própria religião salva e que a dos outros não valem nada, é menosprezar a maneira do ser humano crer em Deus e manifestar essa crença.
“Vemos essa perseguição em muitas pregações, onde líderes religiosos desfazem da crença dos outros, dizendo que os sacramentos feitos por outras igrejas não tem validade, a exemplo de casamentos e batizados. Isso mostra uma falta de respeito”, afirmou.
O representante da religião espirita, Marcelo Martinho, considera que a intolerância não é um problema de uma ou outra religião, e sim um problema da psicologia humana que rejeita aquilo que é diferente de si mesmo.
“A intolerância religiosa é relatada principalmente pela comunidade afro. Houve relato de um caso de intolerância religiosa com uma igreja cristã. A pessoa foi colocar uma cruz em um terreno e foi expulsa de lá. Historicamente no Brasil, pela nossa formação católica, quem mais sofre intolerância é o pessoal dos cultos afros. No passado o espirita já sofreu, mas hoje não ocorre tanto”, afirmou.
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