Bahia
'Trabalhamos nas piores condições', diz brigadista do norte da Chapada
Região é atingida por incêndio florestal há mais de uma semana.
17/11/2015 às 11h29, Por Rachel Pinto
Acorda Cidade
Apesar de o incêndio ter sido controlado em algumas regiões, o fogo continua ameaçando a Chapada Diamantina, informou o presidente da Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (Bral), Augusto Galinares. Ele reclama da falta de equipamentos para que possam combater as chamas que atingem a região há mais de uma semana.
“Estamos precisando de botas, meias, luvas. Nós trabalhamos nas piores condições, sem roupas adequadas. Contamos com facão, com as mãos, os pés, abafador, e as bombas em que carregamos 20 litros de águas nas costas. Estamos exaustos, mas estamos indo de novo”, destacou.
Segundo Augusto Galinares, a brigada está disponível para receber doações de materiais para o combate às chamas. Ele declarou que o fogo nesta terça-feira (17) está mais tranquilo. “Estamos trabalhando no norte do Parque Nacional da Chapada. Se der tudo certo, em mais uns dois dias conseguimos extinguir”, completou.
“O fogo foi contido pelos brigadistas na maior parte da BR-242 até a proximidade da vila do Barro Branco. Ontem, chegaram Bombeiros pela primeira vez na serra. Antes, eles combatiam apenas na beira da estrada”, disse o brigadista.
De acordo com o coordenador da brigada, Janio Gleidson Rocha, a principal ameaça é um foco próximo à nascente do Rio Lençóis. Na segunda-feira (16) foi controlado o fogo na Serra do Mucugezinho e no Vale do Cercado também. “A gente acredita que esteja chegando na nascente do rio Lençóis e temos um foco muito grande. Não pode queimar de jeito nenhum porque o rio está bem baixo”, alertou.
Conforme o site G2, o coordenador afirma que a comunidade da região tem ajudado os voluntários com doações de alimentos e água, mas reclama da dificuldade do acesso aos focos de incêndio. “A gente não tem aeronave para brigadistas. A gente depende de brecha para conseguir transporte em aeronaves usadas pelos Bombeiros”, conta.
Em menos de três meses, este é o segundo grande incêndio registrado no Parque Nacional. Em setembro, o fogo demorou uma semana para ser controlado e destruiu uma área de cerca de nove mil campos de futebol. Agora a estimativa inicial é de que cerca de dois mil hectares de vegetação tenham sido afetados.
Nesta terça-feira (17), o governador do estado, Rui Costa, divulgou que deve sobrevoar todas as áreas onde ainda permanecem algum foco de incêndio.
O chefe do Parque Nacional da Chapada, César Gonçalves, afirmou na segunda-feira (16) que as chamas que atingem o parque foram provocadas pela ação do homem. "Todos os focos de incêndio que têm aqui na chapada são provocados por pessoas, por alguma razão. A pessoa bota fogo, a gente não tem como avaliar isso [o motivo], mas alguém bota fogo por algum motivo", disse.
A vegetação seca, o vento forte e a dificuldade de acesso prejudicam o trabalho dos brigadistas e alguns focos que já tinham sido controlados voltaram a pegar fogo. No domingo (15), três focos de incêndio foram controlados na Serra da Cotréa, nos arredores de Seabra, mas ainda existem nove focos.
Equipes de brigadistas voluntários e os 52 brigadistas profissionais chegam a trabalhar até dez horas por dia. Catorze soldados do Exército brasileiro estão dando apoio logístico de transporte e equipamentos.
Seis aviões – quatro do governo do Estado e dois do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – e dois helicópteros prestam apoio operacional, e ainda são aguardados dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Eugênio Spengler disse também que o incêndio causou destruição de nascentes dos rios, o que compromete a qualidade da água que chega à população.
O ICMBio informou que os brigadistas encontraram na segunda-feira (16) uma situação mais favorável de combate aos incêndios florestais, com nebulosidade, aumento da umidade relativa do ar e da pressão atmosférica, indicando a proximidade do período das chuvas.
Conforme o secretário de Meio Ambiente de Lençóis, Andrés Iglesias, o fogo está indo em direção ao córrego do rio Mandassaia, que abastece o município. Ele acrescentou que a comunidade está protegida. Cerca de 40 homens estão na região e há reserva para evacuar caso necessário.
Em Palmeiras, o titular da secretaria de Meio Ambiente, Aruanã de Lucas, disse que são 10 km de linhas de fogo na região e que a população está sofrendo com a fumaça. Ele também informou que o clima está muito seco.
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