Bahia

Congressos em Salvador debatem situação das santas casas e hospitais filantrópicos

O presidente da Federação das Santas Casas da Bahia, o administrador de empresas, Mauricio Dias, destacou que com o envelhecimento da população a lógica da saúde se altera

23/09/2015 às 16h43, Por Kaio Vinícius

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Laiane Cruz e Ney Silva

A crise financeira e as questões relacionadas à imagem, gestão e a sustentabilidade das santas casas de misericórdia e hospitais filantrópicos vão ser abordadas no 11º Congresso Internacional das Misericórdias e no 25º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Brasil. Os eventos estão sendo realizados no Hotel Pestana em Salvador de hoje até sexta-feira (25) e contarão com a presença de diversas autoridades políticas, além de participantes de outros países.

O presidente da Federação das Santas Casas da Bahia, o administrador de empresas, Mauricio Dias, destacou que com o envelhecimento da população a lógica da saúde se altera, e os debates têm como objetivo justamente analisar quais mudanças serão necessárias seja do ponto de vista de estrutura física, seja de equipes médicas.

“Nós temos o crescimento muito grande do número de pessoas com idade acima de 65 anos. A previsão é que em breve na pirâmide etária a gente tenha mais pessoas idosas que jovens. E isso modifica a lógica da saúde e exige que a gente faça um debate para ver quais são as mudanças e adequações necessárias. Então nós estamos discutindo incentivar a formação de geriatras”, afirmou o presidente da Federação.

Segundo Maurício Dias, a questão da sustentabilidade das Santas Casas também é um ponto vital. “O setor filantrópico e as santas casas existem no Brasil há 466 anos e depois da criação do SUS (Sistema Único de Saúde), a população parou de doar e confiou que o governo arcaria com a responsabilidade dos serviços que ele contratava, o que nós verificamos na prática que não existe.”

Dias explicou que nos últimos 25 anos a inflação acumulada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), oficialmente publicada pelo governo, é de 413%, já o reajuste de procedimentos na tabela do SUS foi de apenas 93% em relação ao mesmo período. Tal situação explica, segundo ele, por que as santas casas têm dificuldades de pagar seus compromissos.

Se nós pegarmos todos os reajustes que foram dados em procedimentos da tabela SUS, apenas mil tiveram reajuste, e dois mil estão durante todo esse período sem reajuste. Então sabemos que essa conta não pode fechar. As santas casas representam 51% da assistência que é prestada ao SUS no Brasil. E como é que esse sistema pode sobreviver e a saúde pode melhorar se quem realiza mais da metade dos serviços recebe muito menos do que custa?”, questionou.

Para exemplificar a defasagem no repasse de recursos do SUS a essas instituições, Mauricio Dias citou os valores pagos por procedimentos que são considerados irrisórios. “A consulta realizada por médico clínico, que cuida da atenção básica, e um pediatra custa R$ 2,04. A consulta especializada com ortopedista, cardiologista, entre outros, está custando R$ 10, tem anos com o valor estagnado. A população sabe quanto é uma consulta com o médico particular. O plano de saúde paga entre 60 e 100 a consulta”, acrescentou. 

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