Entrevista

Oftalmologista tira dúvidas sobre glaucoma e catarata

Sintomas, tratamento e cuidados foram esclarecidos em entrevista ao Acorda Cidade.

01/09/2015 às 11h00, Por Rachel Pinto

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Acorda Cidade

Estima-se que existam no Brasil, aproximadamente, 2 milhões de portadores de catarata. Além disso, estima-se que um milhão de brasileiros acima dos 40 anos tenham glaucoma, que é a doença ocular que mais causa cegueira irreversível. Já a catarata é a maior causa de cegueira reversível e a doença ocular que mais cresce no Brasil.

Para tirar dúvidas sobre essas doenças, a Dra. Liliana Cruz, que é doutora em Oftalmologia pela Universidade Federal de São Paulo e especialista em Glaucoma, Glaucoma Congênito e Catarata, esteve no programa Acorda Cidade nesta terça-feira (1). Confira a entrevista na íntegra:

Acorda Cidade – O que é o glaucoma?

Dra. Liliana Cruz – Glaucoma é uma doença que a principal manifestação é o aumento da pressão intra-ocular. Essa doença vai lesionar o nervo ótico e com isso fazer uma alteração do seu campo de visão. Sem tratamento, essa doença pode chegar à cegueira.
O paciente deve ir pelo menos uma vez ao ano procurar um oftalmologista, principalmente depois dos 40 anos que é a idade de manifestação.

AC – Quais os sintomas?

Dra. Liliana Cruz – Então, é uma doença que não tem sintomas, inicialmente; quando o paciente começa a ter sintomas já tem mais de 50% do campo visual perdido, lesionado, e o diagnóstico é feito somente quando o paciente vai ao oftalmologista fazer alguma avaliação.

Esse é o principal fator que a cegueira atinge rápido o paciente. Não é uma cegueira da noite pro dia, exceto casos de glaucoma agudo. Mas, normalmente, são pacientes que começam a ter perdas lentamente e, quando vai procurar uma ajuda médica, já teve mais de 50% das fibras lesadas do nervo ótico.

Não dói, não coça, não arde, o paciente não sente embaçamento. Quando o paciente percebe, ele já está com o campo de visão tubular, só olhando pela frente.

AC – Quem tem maior risco de desenvolver o glaucoma?

Dra. Liliana Cruz – Pacientes que tem histórico na família de glaucoma, com mães, tios ou avós com glaucoma; pacientes da raça negra; pacientes míopes; diabéticos; pacientes com uma alta hipermetropia – esses pacientes são mais propensos de desenvolver glaucoma e tem que fazer o acompanhamento pelo menos uma vez ao ano. Os pacientes com uma alta hipermetropia são mais suscetíveis a um glaucoma de ângulo fechado e isso daí é um risco que o paciente desconhece totalmente a possibilidade, e entra em uma sala escura e tem uma crise aguda. Tem alguns casos que o paciente fica mais exposto.

AC – Como é feito o diagnóstico?

Dra. Liliana Cruz – O glaucoma é uma alteração no nervo ótico e o paciente vai ser diagnosticado através do exame de fundo de olho, no qual o médico vai perceber uma alteração característica no nervo ótico. A partir da suspeita que há variação no nervo ótico, o médico deve colher uma série de exames para obter todas as informações e tornar o diagnóstico possível – avaliação da curva de pressão diária, medindo a pressão diversos horários do dia; através da gonioscopia e também o exame de campo visual, que precisa de concentração.

AC – E o tratamento?

Dra. Liliana Cruz – Tem o tratamento clínico e o tratamento cirúrgico e isso depende do controle do paciente. O paciente que consegue controlar apenas com o colírio não há necessidade de uma cirurgia. Aquele paciente que já usa vários colírios e não consegue chegar a uma pressão ideal, tem que ser feita a cirurgia.

A cirurgia é um mito, porque o pessoal fala que não tem cirurgia para glaucoma e existe sim. Essa cirurgia, no entanto, não é pra recuperar as lesões perdidas, é para controlar a pressão e evitar a evolução do problema. Então não é pra resgatar o que já perdeu, é pra controlar e manter a própria visão que ainda tem.

AC – Para o paciente que se submete a cirurgia, qual o tempo médio de recuperação? E para o paciente que dirige?

Dra. Liliana Cruz – Normalmente, o paciente que faz uma cirurgia de glaucoma tem uma recuperação em torno de um mês. Então para voltar a dirigir, é nessa mesma faixa de tempo.

AC -Quais as diferenças entre o glaucoma ocular e a catarata?

Dra. Liliana Cruz – É totalmente diferente, não tem relação nenhuma.

AC – Como a catarata se desenvolve?

Dra. Liliana Cruz – Catarata é um envelhecimento do nosso cristalino. Depois do 55 anos já podem desenvolver os sintomas. A catarata tem um embaçamento visual progressivo, diferente do glaucoma que não tem sintomas. E depois da cirurgia, o paciente recupera a visão de antes e o paciente com glaucoma tem uma doença hereditária, geralmente tem uma progressão que leva a cegueira, é irreversível. As lesões que são feitas são irreversíveis e a catarata é reversível.

AC – O tratamento da catarata é apenas cirúrgico?

Dra. Liliana Cruz – Exatamente. Não tem nenhum colírio, atualmente, que faça desaparecer a catarata. A gente tem que ter todos os cuidados principalmente com a infecção que é um fator de prognóstico ruim, de complicações. Uma infecção num paciente pós operado é uma situação grave. É uma cirurgia que o paciente vai ao hospital e sai no mesmo dia. O paciente deve seguir as orientações do médico. É uma incisão milimétrica, em que entra e tritura a catarata. Antigamente, se abria o olho para tirar o cristalino. Hoje a gente entra com uma caneta, tritura a catarata, substitui por uma lente intraocular e o paciente tem a possibilidade de tirar o óculos, se beneficiando.

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