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Amigos de adolescente morta em Serra Preta fazem protesto; acusado diz que tiro não foi intencional

A mãe da garota, Joelva Gonçalves Moura, disse que ainda não acredita que a filha morreu e fez graves denúncias contra o adolescente

06/10/2014 às 18h36, Por Andrea Trindade

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Andrea Trindade

Parentes e amigos da adolescente Paloma Moura Barreto, 13 anos, que morreu após ser baleada em uma fazenda, no distrito de Bravo, em Serra Preta, realizaram mais uma manifestação para reivindicar justiça.

O protesto começou por volta das 9h desta segunda-feira (6), na BA-052 (Estrada do Feijão), que ficou interditada por cerca de quatro horas. Vários pneus foram queimados durante o ato e o Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar as chamas. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) também esteve na no local.

A mãe da garota, Joelva Gonçalves Moura, disse que ainda não acredita que a filha morreu e fez graves denúncias contra o adolescente de 14 anos, acusado de ter disparado o tiro que atingiu a coluna cervical da vítima.

“A comunidade tomou essa decisão e pediu para a gente acompanhar porque está todo mundo revoltado com o que aconteceu. Minha filha foi morta covardemente com um tiro a queima roupa. A ficha ainda não caiu, não consigo acreditar. A todo momento acho que ela vai abrir a porta e entrar. A tortura pior é à noite porque eu não consigo dormir e quando deito só tenho pesadelo”, disse.

“São várias versões do caso. Mas ela não foi a primeira menina a ir para aquela fazenda. Já aconteceu casos de estupro lá, tinha calcinhas penduradas no pé de mandacaru, que já foram retiradas não sei por quem. Outras meninas já apanharam e não foram mortas porque ele não estava armado. Com certeza se não fosse eu outra mãe estaria chorando agora”, declarou.

Joelva também afirmou que a menina sofria bullying praticado pelo jovem. “Quero justiça e mais nada”, concluiu.

A tia da jovem disse que durante o protesto realizado hoje uma motocicleta que estava sendo usada para transportar os pneus que seriam queimados foi apreendida. “Não queremos entrar em atrito com a polícia, mas pedimos que a moto seja devolvida. Aqui impera a lei do dinheiro. Paloma foi morta de forma violenta e leviana”, disse.

Depois de liberarem a pista, os moradores seguiram em caminhada até a delegacia da cidade, onde encerraram a manifestação.

Outro lado

O adolescente vai responder pelo assassinato em liberdade. Ele foi ouvido hoje pelo coordenador regional de polícia, Ricardo Brito, na delegacia de Anguera. Ao delegado o menor disse que o tiro foi acidental e que não tentou fazer sexo com a garota. Após prestar depoimento ele foi liberado.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o advogado Etiene Magalhães, constituído para defender o garoto, disse que o mesmo realmente não tinha intenção de matar e que foi um acidente. “Se trata de um problema envolvendo todos os adolescentes. Ele está passando por um momento muito difícil e está sendo assistido por psicólogos. A informação inicial de que a menor era namorada dele não procede. Ele namorava outra menina por cerca de uma semana e ela já foi ouvida”, informou.

“Houve esse tiro acidental, mas não existiu estupro tentado em hipótese nenhuma. O que a gente apurou desde o primeiro momento, principalmente pelo que foi dito pelos adolescentes que estavam no local, foi que houve uma fatalidade. Em momento nenhum houve vontade dele de alcançar esse objetivo. Não foi intencional e isso vai ficar comprovado no processo”, afirmou o advogado.

O crime

O Hospital Estadual da Criança (HEC) confirmou a morte da estudante de 13 anos, Paloma Moura Barreto, na última quinta-feira (2). Ela foi atingida por um tiro à queima roupa na coluna cervical, no dia 27 de setembro.

De acordo com a assessoria de comunicação do HEC, a adolescente chegou à unidade com sangramento intenso, apresentando lesão de grandes vasos, e foi imediatamente encaminhada ao centro cirúrgico. Além disso, ela teve amputação parcial dos 1º e 2º dedos dos dois pés e estava respirando com ajuda de aparelhos.

Segundo informações passadas para a polícia, o tiro foi disparado durante um encontro entre cinco adolescentes – três garotas e dois garotos – na Fazenda Manda Saia. A jovem marcou de se encontrar com um amigo pelo Facebook para irem ao parque de moto, onde os demais estavam.

De acordo com o titular da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Feira de Santana), Ricardo Costa, o adolescente suspeito de cometer o crime teria disparado o tiro, após a vítima se recusar a fazer sexo com ele, em um dos cômodos da casa, na fazenda.

A amiga encontrou a vítima agonizando e tentou socorrê-la. De acordo com relatos de familiares, um dos garotos entrou em luta corporal com o autor do tiro e socorreu a vítima em uma moto.

Por meio de nota, o Hospital Estadual da Criança informou que “durante o período de internação, todas as medidas médicas possíveis foram tomadas, entretanto não foi possível reverter o quadro”.
 

Fotos e informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade

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