Salvador

Idoso acusa filha de dopá-lo e manter cárcere por dinheiro; mulher nega

Homem de 83 anos conseguiu fugir e foi direto para a delegacia do idoso. Vítima diz ainda que outro filho e uma neta estão envolvidos no caso.

19/08/2014 às 14h32, Por Maylla Nunes

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Guilherme Jacob, um idoso de 83 anos, morador de Salvador, acusa uma filha e um filho de dopá-lo, conseguir atestado falso de invalidez e interditá-lo judicialmente. Segundo Antônio Leite Matos, advogado da vítima, com a interdição, a dupla ganhou o direito de gerir todo o patrimônio do idoso.

Em entrevista ao G1, o advogado conta que Guilherme Jacob é um empresário aposentado, dono de vários imóveis. "Ele tinha uma chácara no bairro do Trobogy, onde construiu casas para os cinco filhos, entretanto ele manteve os imóveis em seu nome", explica Matos.

De acordo com o advogado, em fevereiro de 2014, a filha caçula do idoso, chamada Sara, passou a visitá-lo de duas a três vezes por semana, no vilage onde morava, no bairro de Stella Maris, e começou a dopá-lo, colocando substâncias em bebidas e comidas.

"Por causa disso, certo dia ele adormeceu na beira da piscina do vilage. O porteiro estranhou, porque Guilherme é ativo, pratica esportes, e chamou os outros condôminos, que levaram o idoso para uma clínica", relata Matos. "Lá foram feitos todos os exames e nada foi constatado, então, a partir daí, surgiu a suspeita de que alguém teria dopado ele", acrescenta.

Pouco tempo depois, a filha levou Guilherme para casa dela e, quando os outros filhos iam ao local, não conseguiam falar com o idoso. "Ela inclusive tirou o chip do celular dele, para não haver nenhum contato com pessoas de fora", destaca o advogado.

Matos revela que, neste período, o idoso passou a usar uma sonda gástrica e, por causa dos medicamentos, não falava nem andava. Ele afirma que Sara levou Guilherme a uma clínica especializada em saúde mental, no bairro da Pituba, onde um médico do local teria fornecido um documento dizendo que Guilherme era um suicida em potencial, sem condições de viver em sociedade.

O advogado acrescenta que foi nesta altura que uma neta de Guilherme, filha de Sara, e que trabalha como fisioterapeuta, forneceu um laudo atestando que o avô seria inválido. "A neta recebeu R$ 10 mil pelo documento, pagos pela própria Sara", denuncia.

"Com os laudos e fotografias tiradas, que mostram o idoso deitado, com a sonda gástrica instalada, Sara conseguiu uma curatela judicial [instituto jurídico pelo qual o curador tem o encargo imposto pelo juiz de cuidar dos interesses de outra pessoa que seja incapaz de fazê-lo], e passou a ter controle de todo o parimônio de Guilherme", revela Matos.

Depois disto, segundo o advogado, Sara teria transferido R$ 350 mil da conta do idoso para a dela e colocado o carro do pai em seu nome.

Matos conta que, em 2 de maio, os outros filhos do idoso passaram em frente à clínica de saúde mental onde estava o idoso e avistaram o carro dele parado na porta. Quando entraram no local, eles encontraram Sara e uma discussão foi iniciada no local. No dia seguinte, segundo o advogado, os médicos da clínica liberaram o idoso, que foi novamente levado por Sara, e continuou sendo mantido em cárcere privado.

De acordo com o advogado, o idoso parou de comer e tomar suco. Só bebia água, com medo de continuar sendo dopado. "Em 21 de junho, ele pediu dinheiro a Sara, para comer um acarajé. Ela deu o dinheiro, mas disse que só deixaria ele ir se o outro filho fosse junto", conta.

"No local onde eles foram comprar o acarajé, no bairro de Itapuã, o filho de Guilherme se afastou temporariamente para usar o sanitário de um estabelecimento próximo. Foi aí que ele aproveitou a oportunidade, pegou um táxi e foi direto para a Delegacia do Idoso", explica.

Matos afirma que agora tenta revogar a curatela e responsabilizar criminalmente os envolvidos no caso. "Temos aí cárcere privado, maus tratos a idoso, formação de quadrilha", lista o advogado.

O advogado de Sara, Antônio Jorge Santos Oliveira, contesta as denúncias e afirma que a cliente "está bem documentada".

Segundo ele, Sara afirma que o pai foi morar espontaneamente na casa dela, quando entrou em processo de depressão. "Minha cliente transformou a casa em um hospital, montou uma home care, para prestar toda assistência que ele precisava", destaca o advogado.

Sobre a depressão sofrida pelo idoso, o advogado alega que a doença teria se manifestado logo depois que os outros filhos entraram na casa dele, em Stela Maris, e levaram tudo. "Na hora que eram para cuidar, não cuidaram", acrescentou Antônio Jorge.

De acordo com informações da Delegacia do Idoso, que investiga o caso, o inquérito está na fase de colheita de depoimentos.

Procurada pelo G1, a clínica especializada em saúde mental, citada pelo advogado do idoso, afirmou que não comenta publicamente informações sobre os pacientes. As informações são do G1.

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